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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ta cada dia melhor... Ta pegando gosto pela coisa

TUDO O QUE VEM FÁCIL...


O escitor estava cheio de ódio. Não conseguia finalizar um conto e isso já vinha acontecendo há um bom tempo. Tinha uma vida nada inspiradora: poucos amigos, inteligência vulgar, nome sujo na praça.

Um dia estava andando cabisbaixo pela rua quando viu um pacote cheio de papéis. A curiosidade o instigou e ele foi ver o que tinha dentro do envelope. Qual foi a surpresa quando viu que se tratava de inúmeros contos sobre os mais variados temas.

Ficou feliz, radiante. Poderia dizer que eram seus os contos achados, viu em tudo isso a providência divina, até por que aquelas obras- primas não levavam assinatura, portanto nem se o nosso sortudo tivesse algum senso de honestidade poderia procurar pelo dono daquelas maravilhas.

Nunca havia sentido uma alegria tão grande em sua vida. Já tinha tudo programado, iria falar com o primo que era cunhado de um funcionário de uma modesta editora de livros. Publicaria os clássicos, ganharia reconhecimento, ficaria rico.

Foi andando saltitante pela rua com um sorriso de orelha a orelha. Estava tão distraído com os seus devaneios que nem chegou a ver o cara que vinha na contra-mão.

O pseudo-autor foi atropelado, o pacote voou de suas mãos e os contos ficaram espalhados na calçada. Cada pessoa que estava passando pela rua na hora do acidente pegou um conto. Pequenas fortunas tocavam as mãos de indivíduos ignorantes que não tinham em mente o destino que o nosso pobre protagonista daria aquelas pequenas histórias.

Os contos cumpriram a sua missão seriam daqueles que não fizeram por merecê-los. 


By Lucas Guimarães Oliveira

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Reflexão


O ABORTO


Não tinha o que dizer e isso não era figura de linguagem. Surdo e por tabela também foi presenteado com a condição de mudo, sem o prazer incessante de pronunciar sequer uma palavra, nem de ouvir a doçura de uma onda quebrando à beira da praia. Por conseguinte, se tivesse os braços, poderia falar por libras, assim sua condição de se comunicar estaria restabelecida (“... mesmo sem palavra mudo fala, deixa de ser...”). Contudo, se Deus lhe entregasse a graça da visão, poderia com a força dos olhos mostrar as coisas que queria, teria o prazer de ver a cor de uma manhã de sol e os medos escondidos numa noite de lua cheia, se tivesse ganho do criador o dom de andar, poderia com as pernas correr atrás dos seus sonhos, dos seus ideais. O problema é que este ser nem chegou a nascer, a receber o dom da vida. Foi abortado com uma dose certeira de remédios e isso não foi obra do criador e sim de uma criatura.

By Vyctor Maya